domingo, 4 de dezembro de 2011

Reumatismo

Roupas molhadas no varal.
Sol de meio dia.
Vento seco de agosto.

Rosto suado de trabalho.
Mãos gastas de vida.
Olhos cansados de catarata.

Entre os dedos ressequidos,
A antiga colherinha com açúcar
Para adoçar o cafezinho.

Sobre a mesa, pães
Do dia anterior, requentados,
Um pedaço de queijo
E a margarina.

Três de açúcar,
Dois de queijo,
Meia de margarina.

No fogo, a panela
Com água fervente.

No balde, a calça
De molho no sabão.

No chuveiro, o neto,
Para a escola.

Na cadeira, esperando.


Gabriel Sant’Ana

2 comentários:

  1. Gostei do ritmo, da métrica, de tudo! Continue assim amigão!

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  2. Esse jovem vai longe...Muito bom esse Poema retratando o cotidiano de quem todos os dias tem que dar conta das mesmas tarefas. Parabéns Gabriel. Grande abraço!

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