segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

No sofá

No sofá branco. Eram beijos calorosos, cheios de vontade, pecaminosos. Os lábios ficaram vermelhos, o canto da boca ficou com uma pequena mordida. As mãos percorriam o corpo com velocidade e intensidade. Respiravam ofegantes. Olhos semiabertos. Sempre te quis... Maravilha, delícia...ah...ah... Lambe seu rosto, uma respiração no ouvido deixa seu corpo arrepiado. Mordisca o pescoço. Ai...ai...ah...assim não...assim não...estou toda arrepiada... Gostosinha... Mais pequenas mordidas, dessa vez na barriga. Tira-lhe a blusa, deixa o sutiã, cuidado... alguém pode chegar... Calma... fica tranquila... Toca seus seios, saboreando com as mãos. Ai...ah... Tira a calça... Ai amor, pode chegar alguém... Tira, vai... eu sei que você quer... Ai amor... Meio envergonhada, obedece. Linda... Aperta suas coxas, morde suas pernas, lambe. Estou excitada...ah... Isso meu amor... vem aqui... Ela vai. Ah... devagar, querida....
Se, Alexandre estaria muito feliz, orgulhoso de si, se sentiria o homem mais sortudo do mundo. Se. Estava com Carla há dois anos. Eram muitas as preocupações de Carla. Se era ele o homem de sua vida. Se era ele fiel a ela. Se ela deveria ir mais além. Se não iria se arrepender. Se ele não iria magoá-la. Ainda que quisesse, iria esperar pelo momento certo, embora não soubesse que momento era esse, se ele avisaria estar chegando; esperaria seu corpo lhe mostrar o momento da entrega, embora essa entrega não soubesse ainda o que fosse, ou o que significasse; seguiria os conselhos da mãe, pois todo homem era tudo igual, não valia a pena, queria era sacanear com a cara dela, queria todas, não esperasse um minuto que veria.
Mas não adiantava, por mais que fosse sincero, que fizesse cartas, poemas, sonetos, deixasse bilhetinhos, mandasse flores, que deixasse lindos recados no Facebook, que a cutucasse todos os dias. Talvez nunca adiantaria. Nunca adiantará. Talvez desistir fosse melhor, mas se desistisse, mostraria a ela que era verdade tudo o que ela pensava.
No sofá branco, na sala. São as mãos dadas. A mãe de Carla no outro sofá. 16h. Sessão da tarde. Parque dos dinossauros. A pipoca dentro do microondas.


Gabriel Sant’Ana     

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Praça dos sobreviventes

Saindo do portão gradeado e alto da escola, há uma praça que fica em frente, a uns dois metros, de uma igreja que abre às seis da manhã, cu...