segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Teu corpo inda sussurra

Divago pelos poros
pelo ar sufocado, preso.

Distendido na cama,
sequer manca, ou finge.

No espelho desfigura.

Pelos, seios, rubores
gemendo, desejando.

Recebendo em ardência.
Subjugando-te a mim.

Doze horas no quarto
de subúrbio barato,
num estrado rachado.

Teu corpo inda sussurra.
Asfixiando, sem peso,
em sangue, em látex,
em algodão e sêmen.





Gabriel Sant'Ana

Entre

E viu que a luz era boa.
E a separou das trevas.
Pelo seu verbo fez
vingar sempre a manhã.
Vitoriosa no brilho.

Da minha escuridão,
clamo a ti, Jubilosa!
Me canso de insistir
em me ocultar, fugir.
Lanças sobre meus olhos
teu superior orgulho -
a tua felicidade.

Sempre estarei presente.
Entre montanhas, bosques,
rostos intumescidos,
acovardados, vis,
no recosto da sala,
em mil pontos de ônibus,
nos desvios de ruas,
nos sonhos mais íntimos.

Fomos separadas por
versículos somente.
Disposição do texto.





Gabriel Sant'Ana

Praça dos sobreviventes

Saindo do portão gradeado e alto da escola, há uma praça que fica em frente, a uns dois metros, de uma igreja que abre às seis da manhã, cu...