sábado, 22 de março de 2014

Esquina à direita

Tomando um ônibus em Madureira, esteja com algum livro em mãos, Balzac é ideal para viagens longas, normalmente dura o trajeto trinta minutos, quando não há engarrafamento; quando isso acontece, leva de uma hora até duas.

O ambiente, ao nos aproximarmos, muda de tom. Das variadas cores de Madureira, do grande alvoroço de Bangu, da suprema agitação de Caxias Villa São Luiz se destoa por uma paisagem quase bucólica. Há alguns anos viam-se árvores, muitas, pela região. Mas, com o crescimento urbano, a necessidade de moradia fez com que prédios fossem construídos, tornando as áreas verdes mais destacadas. Há basicamente duas praças, lugares propícios aos encontros de moradores, às brincadeiras das crianças quando saem da escola. Curiosos são os nomes das ruas, quase todos de flores. Isso marca um período em que se aproveitavam as tardes calmas conversando os vizinhos entre si na calçada, sem temor de serem roubados ou sequestrados. Infelizmente, chegou aqui o ritmo profanador dos avanços de uma vida preocupada. Os moradores mais antigos reclamam do ar que está cada vez mais cinzento, as pessoas cada vez mais introvertidas.

Posso afirmar, contudo, que a vida aqui é agradável. Um lugar de poucas ruas e uma única estrada que leva a verdadeiros lugares. O que importa na Villa São Luiz são algumas pessoas: o pipoqueiro, o barbeiro, o faz-tudo.




Gabriel Sant'Ana

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