sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Profunda

A aflição do papel de bala de morango preso na garganta. Engasga, toce, sufoca, não morreu a garganta coçante, agitada e vermelha. Ainda não parou de entrar ar nesse tubo, cano humano de ligações interiores por onde passam elementos de espécie variada, desde a água barrenta para matar a sede desgraçada da sua condição de miserável, até o líquido seminal para matar o desejo primordial do coito animalesco. Uso oral burocrático.
Não era papel de bala; mas um pedaço da camisinha sabor de frutas que foi arrancado em um ato, não de amor ou de vontade, mas de selvageria.
Quis engolir.
Ficou o pedaço de plástico gozado na garganta.


Gabriel Sant’Ana (novembro/2011)

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